Embaixadoras Aliança: até onde uma rede tecida por mulheres empreendedoras pode gerar transformações sociais
Histórias de mulheres como Selma e Luize, Embaixadoras Aliança, comprovam como o empreendedorismo pode ser um catalisador para o empoderamento feminino e gerar mudanças sociais profundas
Além da geração de renda, o empreendedorismo também pode ser compreendido como um instrumento para empoderar as mulheres, particularmente aquelas que são marginalizadas e enfrentam diversas formas de opressão e vulnerabilidade econômica e social.
Selma Oliveira, empreendedora artesã, exemplifica essa jornada. Ela mergulhou no mundo do artesanato em 2011, criando brinquedos para seus filhos a partir de materiais recicláveis. Evoluindo em sua prática, adotou a técnica do Upcycling, transformando resíduos em peças de uso pessoal ou decorativo. Hoje, brinca sobre seu espaço de trabalho que também a transformou em uma educadora ambiental. “As pessoas têm um ateliê; eu tenho um ‘entuliê’, um espaço repleto do que seria entulho e lixo, mas que transformo em arte.“
Em sua trajetória, a artesã chegou até a Aliança Empreendedora após participar de um projeto realizado em 2020, quando não apenas explorou sua vocação, mas também formas de ampliar seu negócio através de cursos pela plataforma Tamo Junto.
“A empresa, pequena ou não, é minha, é minha marca, um sonho que eu realizo. Por isso, todo aprendizado promovido pela Aliança Empreendedora é muito válido, porque gera um crescimento profissional grande e faz com que eu me sinta cada vez melhor, mais completa, realizada, porque me vejo capaz de fazer algo por mim, pelo meu negócio.“
Hoje, Selma integra o programa de Embaixadores e Embaixadoras Aliança, que compõem uma rede dinâmica de empreendedores voluntários movidos pela paixão pelo empreendedorismo e pelas metodologias da Aliança Empreendedora. Ela participa de reuniões periódicas, onde o grupo compartilha dúvidas, ideias e conquistas, além de levar adiante os mesmos projetos e cursos que a impulsionaram no passado.
Juntos, os Embaixadores também expandem suas redes de contatos, aumentam sua visibilidade e aprofundam conhecimentos, tudo isso enquanto contribuem para a promoção da inclusão e do desenvolvimento econômico inspirando outros empreendedores. “Eu me empenho em fazer a mobilização para outras mulheres, divulgo para todo mundo os links, cursos, eventos, porque isso também transformou a minha vida, então pretendo inspirar outras mulheres a descobrir e valorizar seu próprio potencial empreendedor“, comenta.
Embora seja aberto para todos os gêneros, curiosamente, o programa de Embaixadores e Embaixadoras Aliança conta, hoje, prioritariamente com mulheres, de diferentes partes do país, que participam dos encontros, a maioria online. A iniciativa se destaca como um farol de esperança e transformação, iluminando o caminho para o protagonismo feminino e autodesenvolvimento.
E a motivação de mulheres como Selma vai além das aspirações profissionais: são experiências de vida que ecoam em um esforço coletivo por dignidade, reconhecimento e igualdade. Assim, suas trajetórias, repletas de resiliência, são fundamentais para inspirar a elevação socioeconômica e o crescimento individual de outras empreendedoras, motivando-as a transformar suas realidades e a de seus pares.
Selma é artesã, educadora ambiental e integra o programa de Embaixadores e Embaixadoras Aliança
Luize Santana é outro exemplo. Empreendedora social e também Embaixadora Aliança, Luize possui formação em Serviço Social e hoje trabalha com desenvolvimento de mulheres a partir do empreendedorismo, atuando como assessora de Desenvolvimento Econômico no município de Jaguaripe, na Bahia.
Em seu trabalho, mobiliza cerca de 500 mulheres todos os meses, a maioria em contextos de vulnerabilidade social, destacando como o empreendedorismo pode ser um veículo para quebrar barreiras e redefinir histórias ao cultivar a independência financeira e, por extensão, a liberdade pessoal.
Seu público é, prioritariamente, rural, entre marisqueiras, baianas de aracajé, pescadoras, agricultoras familiares. A partir deste contexto, Luize é enfática ao dizer que, mulheres que vivem em situação de violência social, doméstica e outros tipos, quando começam a se empoderar financeiramente, começam a se apropriar de mais direitos.
“São mulheres que, historicamente, estão cercadas de relações patriarcais de submissão. E a gente busca trabalhar com elas uma relação de autonomia, o rompimento de violações, o protagonismo feminino. E percebe que a partir do momento que a mulher começa a ter autonomia financeira, ela também começa a ter autonomia de posicionamento social perante o mundo“, afirma.
Luize conheceu a Aliança Empreendedora durante seu processo de mobilização e capacitação de mulheres. Hoje, ela se empenha em difundir conhecimentos sobre empreendedorismo através do programa de Embaixadores e Embaixadoras Aliança.
Ela compartilha, ainda, que este trabalho encoraja mulheres que desejam expressar sua autonomia e criatividade, permitindo que assumam o controle de suas vidas, de seus corpos e de seu pensar, ao aprender novas habilidades e desenvolver sua autonomia. Isso resulta, muitas vezes, em mudanças significativas nas dinâmicas de gênero e culturais, tanto dentro quanto fora de casa.
“Temos um caso de uma mulher que tinha uma história familiar com baianas de acarajé, tinha todo o potencial para atuar nesta área, mas não tinha iniciativa por conta do preconceito da indumentária que remete ao candomblé. Hoje ela é uma das melhores vendedoras de acarajé, porque conseguiu dissipar o preconceito que havia dentro dela, se posicionando muito mais no círculo familiar e conquistando autonomia financeira”, finaliza.
Luize é Empreendedora social e Embaixadora Aliança
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